domingo, 1 de junho de 2025

Paracletologia: O Estudo do Consolador

 



A Paracletologia é o ramo da teologia que se dedica ao estudo do Espírito Santo, a terceira pessoa da Trindade. 
O termo "Paracletologia" deriva da palavra grega parakletos, que significa "Consolador", "Advogado" ou "Ajudador".

A Importância da Paracletologia

A Paracletologia é uma área de estudo fundamental para a compreensão da fé cristã. O Espírito Santo desempenha um papel crucial na obra da salvação, na vida da igreja e na vida individual dos crentes. Através do Espírito Santo, os crentes são regenerados, santificados, capacitados para o serviço e guiados na verdade.

Principais Tópicos da Paracletologia

A Pessoa do Espírito Santo: A Paracletologia explora a natureza e os atributos do Espírito Santo, sua relação com o Pai e o Filho, e sua obra na criação, revelação e redenção.

A Obra do Espírito Santo: Investiga as diversas obras do Espírito Santo, incluindo a 
Paracletologia regeneração, a santificação, o batismo no Espírito Santo, os dons espirituais e o fruto do Espírito.

O Espírito Santo e a Igreja: Examina o papel do Espírito Santo na formação, crescimento e missão da igreja.

O Espírito Santo e a Vida Cristã: Explora como o Espírito Santo capacita os crentes a viverem uma vida de fé, esperança e amor.

A Paracletologia é um campo de estudo rico e fascinante que oferece insights profundos sobre a pessoa e a obra do Espírito Santo.
Ao explorar essa área da teologia, os crentes podem aprofundar sua compreensão da fé cristã e experimentar uma comunhão mais íntima com Deus.

Referências Bíblicas:

1. O Espírito Santo na Criação e no Antigo Testamento.

- Gênesis 1:1-2: O Espírito de Deus pairando sobre as águas, participando da criação do mundo.

- Juízes 6:34: O Espírito do Senhor revestindo Gideão para liderar Israel.

- 1 Samuel 16:13: O Espírito do Senhor vindo sobre Davi, ungindo-o como rei.

2. O Espírito Santo no Ministério de Jesus.

- Lucas 1:35: O Espírito Santo vindo sobre Maria na concepção de Jesus.

- Lucas 3:22: O Espírito Santo descendo sobre Jesus no batismo.

- Lucas 4:18: Jesus, cheio do Espírito, declarando seu ministério.


3. O Espírito Santo na Igreja Primitiva.

- Atos 2:1-4: O Pentecostes e o derramamento do Espírito.

- Atos 4:31: A igreja sendo cheia do Espírito Santo.

- Atos 10:44-46: O Espírito Santo descendo sobre Cornélio e sua casa.


4. O Espírito Santo na Vida do Crente.

- Gálatas 5:22-23: O fruto do Espírito.

- Romanos 8:26-27: O Espírito intercedendo por nós.

- 1 Coríntios 12:4-11: Os dons espirituais.







Felipe Jorand é Bacharel em Teologia pelo CEEC e pela Academia de Pregadores, além de ser graduado em Letras - Licenciatura pela UNINTER. É também pós-graduado em Neurociência e Formação Docente pela UNINTER, bem como em Neurociências e Psicoeducação em Terapia do Esquema pela USP.
Atua como professor na rede pública e privada, dedicando-se à educação com excelência e comprometimento. É Presbítero e professor da Escola Bíblica Dominical na Assembleia de Deus em Salto-SP, Ministério IEADI, onde também exerce um ministério ativo como conferencista e missionário itinerante, pregando e ensinando em diversas igrejas e outros ministérios.
É casado com Camila, com quem tem dois filhos: Ester e Pedro.

sábado, 24 de maio de 2025

Evangelho em Pedais

 




As nuvens cobriam o céu sertanejo, e a poeira da estrada, silenciada pela umidade, dava lugar ao som dos pedais girando em harmonia. 

Tudo começou como um simples passeio de bicicleta, cada volta das rodas era uma oportunidade de explorar a caatinga, os lajedos e até os caminhos mais estreitos do mato. Porém, o que parecia apenas uma aventura acabou se transformando em algo maior: Uma lição prática de como viver e compartilhar o evangelho.


Estávamos eu e três adolescentes, jovens cheios de energia, mas ainda aprendendo o que significa ser testemunha de Cristo em um mundo tão carente de esperança. Nossa ideia inicial era pedalar até a cidade vizinha, 

"Cacimba de Areia", para aproveitar a paisagem e se exercitar. Mas Deus tinha outros planos.


Quase chegando à cidade, ficamos sem água. Um dos meninos, criado naquela região, sugeriu que parássemos na casa de uma amiga da família para nos reabastecer, assim fizemos.

 Dona Antônia, a dona da casa, nos recebeu sob a sombra de uma árvore, em pouco tempo, um cafezinho chegou às nossas mãos; conversamos sobre o dia e no meio da conversa, soubemos que sua bicicleta havia sido furtada recentemente.

Ao ouvir isso, senti no coração que não podia deixar passar a oportunidade de orar por ela,  pensei comigo mesmo: "Essa é uma chance prática de ensinar os meninos como um discípulo deve agir e se portar." Perguntei:

— Dona Antônia, posso orar pela senhora e por sua casa? Agradeço pelo café e gostaria de abençoar sua família.

Ela aceitou com um sorriso, oramos pela bicicleta, pela sua casa e pela sua hospitalidade.


 Depois disso, "levantamos acampamento" e seguimos pedalando, nossa próxima parada foi na casa da avó do mesmo jovem; era ideia dele visitá-la, pois já era quase hora do almoço, no caminho, aproveitei para perguntar:

— Vocês perceberam como é simples orar?


Alguns deles ainda têm dificuldade com a oração, acreditando que precisam usar palavras difíceis ou discursos elaborados, mas, naquele momento, seus rostos se iluminaram... Viram que a oração é um ato natural e poderoso.


Chegando à casa da Dona Severina, fomos explorar os arredores. Um dia, aquele lugar havia sido uma carvoaria movimentada, mas agora era apenas um retrato do passado. Quando voltamos à casa, fomos recebidos com pratos de sopa de feijão e o famoso cuscuz. Dona Severina, com sua simplicidade, demonstrou a típica hospitalidade sertaneja que tanto nos ensina.


Antes de começarmos a comer, pedi a um dos meninos que orasse pela refeição. Ele, com certa timidez, fez uma oração sincera e breve. Depois da refeição, entre conversas e brincadeiras, Dona Severina nos surpreendeu com um doce de bananada, sua generosidade nos marcou profundamente.


Na hora de partir, um dos meninos tomou coragem e pediu para orar por Dona Severina e sua família, mas, tomado pela timidez, recuou, e eu assumi a oração. 


Agradecemos a Deus por aquela família, pedimos que Ele abençoasse o lar e nunca deixasse faltar alimento ou a presença de Jesus.


Quando estavamos pedalando voltando para casa, percebi que algo havia mudado: O desejo de fazer o que fazemos — pregar, orar e visitar — estava nascendo no coração deles. 

Eles perguntaram: 

— Rafael, no sábado seguinte, podemos visitar as famílias com vocês?

Outro completou:

— Vamos de bicicleta até lá?


Meu coração se encheu de alegria; vi ali uma oportunidade de cultivar e aperfeiçoar esse desejo.


Aqui, no sertão, não precisamos de toda uma bagagem teológica. A simplicidade do evangelho é melhor compreendida quando vivida e compartilhada. Pregar o evangelho não é decorar palavras difíceis nem ter respostas para tudo. É amar, ouvir, orar e apontar para Jesus.


Aquele dia, com duas paradas aparentemente simples, foi um marco. O evangelho é poderoso porque é simples. Ele não depende de grandes estruturas ou discursos eloquentes, mas de corações dispostos a obedecer e agir.


E assim, com os pedais girando e os corações aprendendo, seguimos espalhando as boas novas.






Rafael Figueiredo Moutela, é casado com Juliana Figueiredo Moutela e pai de quatro filhos. Há dois anos, dedica-se integralmente à missão no sertão nordestino, servindo ao Senhor com amor e compromisso.

Formado em Teologia pela Escola Convergência, tem dedicado sua vida ao ensino bíblico e ao discipulado. Atualmente, atua na liderança e discipulado de adolescentes sertanejos há oito meses, ajudando-os a crescer na fé e a desenvolver um relacionamento profundo com Deus.

sexta-feira, 16 de maio de 2025

O Propósito de Deus para o Homem





Deus nos criou à Sua imagem e semelhança, concedendo-nos a capacidade de frutificar. Seu propósito era que o homem enchesse a terra, tornando-a um local organizado e habitável.

Dentro de cada pessoa existe um instinto natural de ter direção e propósito na vida. Isso se traduz também em uma tendência de conquistar e governar, como vemos em Gênesis 1.27.

O Princípio de Autoridade


A forma como Deus governa revela o que chamamos de princípio de autoridade. A cadeia de autoridade foi estabelecida por Ele para organizar, proteger e garantir uma administração eficaz. Sendo uma ordenação divina, deve ser respeitada e preservada.

Instruir as pessoas nesse princípio é essencial. Isso pode poupá-las de muitos sofrimentos, desordens e até castigos. O foco deve estar nas posições hierárquicas da cadeia de comando — não necessariamente nas pessoas que as ocupam. Afinal, ainda que o princípio e a posição sejam sagrados, quem ocupa o cargo pode falhar.

A Autoridade Estabelece a Ordem de Deus


A autoridade é o que mantém pessoas, valores e estruturas em ordem. Sem organização não há crescimento saudável, e sem autoridade não há organização.

Ela é a essência da liderança. É por meio dela que se aplicam as leis morais, se identifica o lugar correto de pessoas e coisas e se traçam objetivos claros para conduzir outros na direção certa. Uma boa liderança promove ordem, desenvolvimento e progresso.

A Rebeldia e o Caos


Sem uma cadeia de autoridade, o que teríamos seria um aglomerado de pessoas vivendo em desordem — exatamente o que o inimigo deseja: a anarquia.

Mesmo um governo falho ainda é melhor do que a ausência total de governo. O caos se instala quando pessoas se rebelam contra o princípio da autoridade. É importante não confundir esse princípio com o estilo de liderança de alguém. O estilo é pessoal; o princípio vem de Deus. E quem desrespeita o princípio, será corrigido por ele.

Discernindo o Princípio da Pessoa


É fundamental entender a diferença entre a pessoa da autoridade e o princípio da autoridade. Confundir isso pode levar à condenação pessoal.

Muitas pessoas, decepcionadas com figuras de autoridade, acabam se rebelando contra o princípio divino da autoridade — e, com isso, se encontram espiritualmente desajustadas, feridas e até em resistência contra Deus.

Submissão a Deus através da Autoridade


Não é raro ouvir: “Não me submeto a homens, apenas a Deus!” — mas quem diz isso, muitas vezes, se torna amargo, conflituoso e difícil de conviver.

A parábola do filho pródigo é um retrato claro: quando se infringe o princípio de autoridade, a pessoa se afasta do lugar de bênção e acaba em sequidão, escassez e até morte espiritual.



Submeter-se à autoridade é submeter-se a Deus. Entender esse princípio é caminhar em direção à ordem, à paz e ao cumprimento do propósito divino em nossas vidas.

"Toda autoridade é instituída por Deus" – Romanos 13.1




Marcos Paim,
casado há 14 anos com Tayrine Erica, 
pai do Abner(11 anos) e Anthony (2 anos).
Co-pastor Igreja Adan (Brasília/ DF). Enviado ao campo missionário com 21 anos no interior RS, residente no Distrito Federal desde 2007.
 Ministro em seminários e conferências voltado a temas sobre família.

segunda-feira, 31 de março de 2025

Teologia & Teólogos

 






O que é Teologia?

Apesar da palavra teologia ter como simples significado "estudo de Deus", não devemos imaginar que Deus é o objeto de estudo dessa ciência, pois Deus não pode ser estudado em sua totalidade como se fosse algo analisado em laboratório. De acordo com Gustaf Aulén (1965, p.19), "o objeto de estudo da teologia é a fé cristã como realidade dada, objetiva [...]. A teologia tem por objetivo o estudo e a pesquisa da fé cristã". Isso significa dizer que quando falamos de teologia nos referimos ao entendimento humano sobre Deus, sobre a fé, ou seja do que Deus revelou de si. Este é o limite da teologia.

A realidade é que conhecemos de Deus apenas o que ele se deixa revelar, sobre isso José Carlos de Souza (2019, p. 5) nos diz: "Deus
revelatus (...) Deus absconditus. O Deus que se revela permanece mistério profundo e indecifrável". No estudo teológico consideramos a pluralidade de pensamentos e ideias sobre Deus, afinal, nenhuma teologia é palavra final, somente Deus é absoluto, nesse sentido, segundo Ray Dunning (2019, p. 25) "teologia não envolve somente palavras sobre Deus, mas também palavras sobre o homem em relação a Deus". Jürgen Moltmann (2016, p. 49) fez uma das melhores definições de teologia, segundo ele, a "teologia é uma tentativa de captar no intelecto aquilo que se experimenta no coração". É preciso levar em consideração o longo processo de desenvolvimento da teologia e com toda a humildade, assim como o teólogo brasileiro Dr. Márcio Simão, afirmar que "teologia se faz em diálogo".

Teólogos

Se a teologia é o esforço humano de compreender a Deus e a forma que a humanidade reflete sobre Deus, entendemos que o teólogo é quem está preocupado em transmitir esse conhecimento não somente para a comunidade de fé, mas também para o mundo. A teologia não é absoluta, somente Deus é absoluto. No discurso teológico estamos todos tateando, procurando descrever Deus. Essa tarefa deve ser feita reconhecendo os limites da própria reflexão teológica, e respeitosamente assumindo o caráter dialogal da teologia. Não existe uma teologia, mas sim teologias. Seja teologia luterana, teologia calvinista, teologia pentecostal ou teologia wesleyana, e muitas outras. Desta forma, é preciso humildade para dialogar com outros 
pontos de vista, por isso uma teologia humilde sempre será ecumênica. Teologia se faz em diálogo.

Devemos pensar na teologia de três formas: Teologia acadêmica; Teologia confessional; teologia popular. A teologia acadêmica está preocupada com pesquisa acadêmica, cientifica e interdisciplinar, sempre feita de forma ampla e preferencialmente fora das caixas denominacionais, mas sim dialogando com todos os pensamentos teológicos. Além disso, desde 1999 o curso de bacharel em teologia foi reconhecido pelo MEC (Ministério da Educação), que com os passar do tempo definiu diretrizes especificas para as instituições de ensino superior como por exemplo ter corpo docente capacitado. Já a teologia confessional está preocupada com as questões dogmáticas assumidas por cada confissão de fé. Por fim, a teologia popular está relacionada à manifestação do pensamento e reflexão de todo cristão e cristã, ou seja, cada crente que ao ler a Bíblia reflete sobre seu significado e o que o texto diz ao seu coração está fazendo teologia, nesse sentido, somos todos teólogos. Evidentemente alguns se especializam e se dedicam ao estudo mais profundo, seja confessional ou acadêmico, mas sim, todos que leem a Bíblia procurando significado para sua vida estão fazendo teologia.

Uma vez alguém disse que "teologia esfria o crente". Essa fala é muito problemática por várias razões, mas vale destacar que geralmente quem reproduz uma fala dessa está diminuindo a importância do estudo teológico justamente por preguiça de estudar mais a Palavra de Deus, ou por medo de perceber que nem tudo que ele aprendeu é exatamente da forma como lhe ensinaram. Seja como for, quem diz isso ignora o que dissemos, pois é impossível não fazer teologia, a menos que não se leia a Bíblia. Outro ponto, diminuir a teologia ignora também que só temos a Bíblia em português porque teólogos interpretaram os textos originais com hermenêutica e exegese, um processo altamente teológico, nesse sentido, sem teologia sequer teríamos Bíblias traduzidas para o português.

Refletir sobre teologia sempre foi um processo inacabado, é preciso levar em consideração o chão vivencial onde se faz teologia. O próprio Novo Testamento é fruto da lembrança e leitura dos fatos e acontecimentos que envolveram Jesus de Nazaré, o Cristo, visando fornecer respostas às crises e problemas das comunidades cristãs. Nesse sentido, os autores do Novo Testamento inspirados pelo Espírito de Deus, produzem escritos com intenções teológicas claras.

A teologia tem algumas áreas de aplicação e ênfase muito interessantes, como a teologia bíblica, teologia sistemática, teologia prática e teologia histórica, cada uma com sua importância. Um dos ramos da teologia que tem se tornado cada vez mais urgentes é a teologia pública, que está dentro da aplicabilidade prática da teologia. Sua importância se deve ao fato de que estamos inseridos numa sociedade, formada por pessoas criadas por Deus, com problemas reais. O conhecimento teológico não pode ficar enclausurado na comunidade de fé, mas deve ir às vielas dos marginalizados levando esperança, fazendo teologia a partir do chão em que se vive. É possível responder aos desafios da atualidade, como as injustiças sociais, por meio de uma teologia prática. Mas para isso é preciso uma presença pública da igreja na sociedade, participando da concretude da vida de homens e mulheres, refletindo sobre o sagrado a partir do contexto brasileiro e fornecer respostas para a transformação da realidade.

Nesse sentido, é fundamental elaborar um discurso teológico que esteja preocupado com questões atuais e necessárias da sociedade. Um exemplo é a crise ecológica que o mundo enfrenta, a teologia deve participar do debate público fomentando o diálogo e propondo contribuições, por tanto torna-se importante uma abordagem "ecoteológica" para lidar com a problemática. Além disso, há diversos temas onde a teologia pública pode contribuir, como em questões bioéticas, luta contra o racismo, enfrentamento da pobreza, violência contra a mulher etc.

Para concluir, se somos cristãos então queremos aprender mais sobre Jesus de Nazaré, o Cristo, e para isso é indispensável a reflexão teológica. Toda a vivência cristã envolve teologia, e todos fazem teologia em certa medida, pois usam o intelecto e a razão refletindo sobre a experiência de fé. Primeiro vem o encontro com Deus, depois vem a reflexão sobre esse encontro. Primeiro vem a experiência com o Sagrado e Divino, depois vem as ponderações sobre a experiência. Primeiro vem o encontro com Jesus Cristo vivo, depois a procura do sentido para nossas vidas a partir desse encontro. Tudo isso é teologia. E para os teólogos, é fundamental que essa teologia se desdobre em prática concreta, seja através das pregações, das ações sociais, do aconselhamento pastoral, ou por meio da teologia pública para promoção da cidadania e do bem-comum. A teologia não pode ficar enclausurada na comunidade de fé, mas deve ser viva e prática, trazendo a luz de Cristo Jesus para o mundo.


Link para o Instagran

Paulo Correia
Bacharel em teologia (Unigranrio) com pesquisa em teologia pública. Sua ênfase de pesquisa atual está em teologia do Novo Testamento, cristologia, escatologia e teologia pública. Autor do livro "Fé Pública", um livro de teologia pública em perspectiva da teologia wesleyana. Além disso possui licenciatura em química (Unigranrio). 


quinta-feira, 27 de março de 2025

Por que estudar Teologia?



Creio que em algum momento da nossa jornada cristã cada um de nós já teve a oportunidade se fazer esta pergunta. Você pode ter obtido poucas respostas e não muito satisfatórias o suficiente para se matricular ema faculdade ou seminário teológico, mas certamente a pergunta ainda deve persistir em sua mente, especialmente quando se depara com tantas correntes teológicas pela internet.
Convidamos você a estudar Teologia de forma leve porém comprometida com um de nossos editores do Blog "O Legado" Cristiano Geiger é Teólogo e Especialista em Educação Cristã e também um grande entusiasta do Conhecimento.

Em seu Projeto:
"Estude Teologia Comigo" ele nos convida a ler um Clássico da Teologia por mês e discutir está obra de uma forma que torna a Teologia acessível á todos.

Assistam ao vídeo:




Texto de Maria Betânia, coordenadora do Projeto Legado.
 

sábado, 22 de março de 2025

Unidade: O Grande Desafio da Igreja na Historia (Parte 2)

 


Experiência, Avivamento e Piedade

Migrando nossa atenção para um outro momento histórico, em especial para os avivamentos evangélicos experimentados na Inglaterra e em suas colônias na américa no século XVIII, veremos que outros elementos contribuirão para manter a unidade da igreja em face das ameaças de divisão.

Foi nesse contexto que graciosamente esses importantes ambientes de fala inglesa experimentaram forte intervenção divina. Os vetores humanos desse agir de Deus são muitos, mas quatro se destacam:
Jonathan Edwards nos Estados Unidos (na época ainda colônias inglesas na América), George Whitefield e os irmãos John Wesley e Charles Wesley. Falando do avivamento metodista em particular, o célebre biógrafo de John Wesley, Mateo Lelièvre, é enfático ao dizer que a Inglaterra só não 
viveu um banho de sangue semelhante ao experimentado na França da mesma época pela intervenção da graça de Deus por meio da vida e ministério dos irmãos Wesley.

Observando esses quatro grandes vultos veremos que eles estavam divididos por uma questão muito solene. Enquanto Edwards e Whitefield defendiam uma salvação monergista, mais alinhada com o chamado calvinismo, John e Charles eram sinergistas evangélicos, o que os perfilava de um modo muito claro às proposições arminianas. Falando do metodismo inglês, os seguidores de John e de George muitas vezes se engalfinharam por conta dessa questão soteriológica. Os próprios líderes de cada um desses polos discutiram o assunto e entenderam que não chegavam a um consenso.

Apesar desse cenário, esses grandes vultos do período de avivamento tinham elementos em comum, dentre os quais a forte ênfase na piedade cristã, o ardor evangelístico, a valorização da santidade de vida e um apreço pela experiência cristã. Isso permitiu a unidade no propósito de reavivar a igreja anglicana, mesmo que não fechassem juntos todas as questões. O ponto célebre dessa unidade se dá quando Wesley, atendendo à vontade de seu amigo e companheiro do
Clube Santo de Oxford, prega no funeral do príncipe dos pregadores ao ar livre.

Unidade Hoje

Estes exemplos podem ser somados a muitos outros no sentido de deixar claro que a unidade entre aqueles que servem a Cristo em diversas denominações é possível também em nosso tempo. O fenômeno das redes sociais agravou diversas questões críticas do evangelicalismo. Sendo uma ferramenta que poderia contribuir para o diálogo, tem sido muitas vezes instrumento de desamor e divisão no corpo.

Para os animosos que desconsideram a oração de Jesus, a prática da igreja primitiva e os fartos exemplos históricos da luta pela unidade, deixo o apelo de Wesley no célebre sermão "O Espírito Católico" (entenda "Católico" aqui no seu emprego original, que é o de universalidade eclesiástica), que nos serve em dias de tanto debate desnecessário:
Não tenho intenção de contender contigo, sequer por um momento, acerca dos assuntos precedentes. Que todos esses pontos menores permaneçam de lado. Que eles jamais venham a debate. "Se teu coração é como o 
meu coração"; se amas a Deus e a toda a humanidade, não peço mais: "Dá-me a tua mão".

Texto: Davi Freitas

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Davi Freitas.

Pastor da Igreja do Nazareno em Caruaru, PE
Bacharel em Direito pela Faculdade ASCES-UNITA, Formado em Teologia pelo seminário Teológico Pentecostal do Nordeste e pós-graduando em Teologia Histórica no Seminário Teológico Jonathan Edwards.
Casado com Maíra Freitas

quinta-feira, 13 de março de 2025

Unidade: O Grande Desafio da Igreja na História (Parte 01)




Os evangelhos registram diversas falas e orações feitas por Jesus. Uma das mais célebres é a conhecida "Oração Sacerdotal", registrada no relato do apóstolo João. Nela Cristo expressa seu desejo de ver a Sua Igreja em um só espírito e um só coração:

Já não estou no mundo, mas eles continuam no mundo, enquanto eu vou para junto de ti. Pai santo, guarda-os em teu nome, que me deste, para que eles sejam um, assim como nós somos um. Não peço somente por estes, mas também por aqueles que vierem a crer em mim, por meio da palavra que eles falarem, a fim de que todos sejam um. E como tu, ó Pai, estás em mim e eu em ti, também eles estejam em nós, para que o mundo creia que tu me enviaste. (Jo 17:11;20,21 - NAA) (grifos nossos).

A própria Escritura dá testemunho de que a primeira geração de crentes, no período do Novo Testamento, vivia essa unidade tendo a memória do Jesus ressuscitado e a autoridade apostólica como os principais elementos unificadores. Tal unificação foi descrita por Lucas: Da multidão dos que creram era um o coração e a alma.
Ninguém considerava exclusivamente sua nem uma das coisas que possuía; tudo, porém, lhes era comum. (At 4:32 - NAA).

Não se pode negar que a igreja primitiva tinha problemas, inclusive nesse assunto. Por isso os apóstolos, em especial Paulo na primeira carta aos Coríntios, escreveram peças doutrinárias muito importantes sobre a unidade da igreja, comparando-a a organismos vivos (figuras do corpo ou lavoura), edifício vivo, etc. No primeiro século, portanto, a unidade era mais factual do que em qualquer outra época da história do povo de Deus, apesar das muitas limitações desse período.

É claro que estamos falando até o momento da unidade da
igreja visível. Se pensarmos no conceito de igreja sob seu aspecto espiritual, sabemos que ela está una desde o princípio, pois é a reunião de todos os verdadeiros crentes em Jesus, percebida apenas pelo Senhor. É a ela que Pablo Deiros se refere quando diz que o estudo da história da fé cristã nos ajuda a ver a unidade da igreja apesar de todos os 
percalços que surgiram no desenrolar dessa história (Conferir História Global do Cristianismo, Editora Vida p. 23).

Com tudo isso em mente, fica eminente na história da igreja os muitos esforços pela unidade em momentos cruciais. Pela graça de Deus, a igreja cristã sempre contou com unificadores. Homens e mulheres que, menos ou mais reconhecidos por esse papel, foram cruciais em lutar pela unidade doutrinária, filosófica, prática e pastoral em variados contextos. Faziam tudo isso tendo que lidar com perigos internos e externos ao arraial eclesiástico, presente nas muitas fases. Vamos destacar, a título de exemplo, quatro desses períodos:

Cartas, Credos E Concílios

No final do primeiro século e início do segundo da era cristã, questões insidiosas já surgiam nos ambientes eclesiásticos. Dentre elas, ressaltam-se os debates acerca da distinção entre o judaísmo e o cristianismo nascente, bem como o protognosticismo. O problema da separação do cristianismo e judaísmo é bem marcante, tanto no registro dos Atos quanto no aspecto doutrinário ao longo das cartas paulinas e demais documentos neotestamentários.

E quando detemos nossa atenção no segundo problema, lembramos que alguns sugerem que parte dos textos do Novo Testamento (em referência às epístolas de Colossenses e I João) já contenham advertências à igreja cristã acerca das primeiras ideias gnósticas, geralmente associadas a figuras como
Cerinto, contemporâneo do apóstolo João e de seu discípulo Policarpo, Em seus escritos, negava a divindade de Cristo.

As igrejas precisaram lidar com esses problemas e o fizeram através de concílios e de correspondências entre si. Uma vez que lideranças foram estabelecidas nas principais cidades em que o ministério apostólico foi desenvolvido, foi fundamental para a manutenção da fé cristã primeva o uso dessas comunicações. Chegaram até nós escritos como as cartas de Clemente, Inácio e documentos que tratam da vida dos primeiros pais, cujo ministério era marcado por fortalecer as igrejas que haviam sido instituídas no primeiro século.

Com o crescente número de heresiarcas, falsos ensinos, práticas desconectadas do exemplo bíblico, perseguições do aparato imperial romano e mais uma série de outros elementos de menor impacto, os notáveis líderes da igreja foram percebendo a necessidade de firmar as comunidades de fé na doutrina através de expedientes e fórmulas que ajudassem a inculcar de modo educativo os fundamentais e inegociáveis princípios da cristandade. Os credos e documentos de instrução, como a Didaqué, se tornaram, à medida que a igreja amadurecia, formas de manter firme o ensino cristão nas igrejas.

Junte-se a isso a necessidade de confirmar, dentre diversos textos importantes e utilizados pela igreja, quais eram autoritativos para o povo de Deus e de inspiração do Espírito, antes que o testemunho dos fatos narrados fosse apagado da memória cristã. É importante adicionar também que as heresias vindas de todos os lados tinham um alvo: Jesus Cristo.

Os primeiros concílios, portanto, foram importantes para unificar a igreja em torno de uma percepção mais profunda do personagem mais importante da fé cristã, estabelecendo doutrinas basilares como a união hipostática das duas naturezas de Cristo. Como resultado, houveram rupturas na igreja visível, mas uma unidade significativa foi mantida.

REFORMA, DEBATES E CONFISSÕES

A primeira geração de reformadores também precisou encarar o desafio da unidade. Os reformadores sem dúvida concordavam em diversos pontos. Esse fato foi um dos motivadores do esforço promovido por Martin Bucer, de unir as alas alemã e suíça do movimento de conserto da cristandade.

Nesse período, o principal nome da reforma suíça era
Ulrico Zwinglio, enquanto na Alemanha avançavam os esforços de Martinho Lutero. A tentativa resultou em um conflito a respeito da Ceia do Senhor, tema no qual Lutero enfatizou a consubstanciação, enquanto o Reformador de Zurique. Como destaca Sean Michael Lucas em seu artigo "Por que os reformadores não se uniram?" (disponível em www.thegospelcoalition.org): 
Mas, no final, quando os reformadores emitiram sua declaração conjunta, eles concordavam em 14 pontos consecutivos de doutrina. As correntes luteranas e reformadas concordavam em relação às doutrinas de Deus, do pecado original, da justificação somente pela fé, da necessidade da pregação e do batismo, das boas obras e do feitio das relações com as autoridades civis. Estavam divididos apenas no último ponto: "o sacramento do corpo e do sangue de Cristo" (...) o ponto de discórdia era "se o verdadeiro corpo e sangue de Cristo estão corporalmente presentes no pão e no vinho". Lutero dizia que sim, Zwinglio dizia que não, e o protestantismo permaneceu dividido.

Uma leitura pessimista desse relato verá de fato o ponto onde não houve acordo. Não se deve perder de vista, porém, que nas questões mais fundamentais, o movimento reformador de várias geografias europeias compartilhava uma espinha dorsal comum de fé. As grandes expressões da fé protestante nas gerações mais maturadas da Reforma conceberam importantes documentos confessionais como as Confissões de Augsburgo, Escocesa, Belga, o Catecismo de Heidelberg e outros documentos semelhantes, os quais tinham diversos elementos distintos, mas expressavam valores em comum, em especial o da justificação pela fé, a autoridade das Escrituras sobre a igreja e a suficiência da obra de Cristo para a salvação do pecador.

Texto: Davi Freitas

Link do Instagran


Davi Freitas.

Pastor da Igreja do Nazareno em Caruaru, PE
Bacharel em Direito pela Faculdade ASCES-UNITA, Formado em Teologia pelo seminário Teológico Pentecostal do Nordeste e pós-graduando em Teologia Histórica no Seminário Teológico Jonathan Edwards.
Casado com Maíra Freitas







Paracletologia: O Estudo do Consolador

  A Paracletologia é o ramo da teologia que se dedica ao estudo do Espírito Santo, a terceira pessoa da Trindade.  O termo "Paracletolo...