sábado, 24 de maio de 2025

Evangelho em Pedais

 




As nuvens cobriam o céu sertanejo, e a poeira da estrada, silenciada pela umidade, dava lugar ao som dos pedais girando em harmonia. 

Tudo começou como um simples passeio de bicicleta, cada volta das rodas era uma oportunidade de explorar a caatinga, os lajedos e até os caminhos mais estreitos do mato. Porém, o que parecia apenas uma aventura acabou se transformando em algo maior: Uma lição prática de como viver e compartilhar o evangelho.


Estávamos eu e três adolescentes, jovens cheios de energia, mas ainda aprendendo o que significa ser testemunha de Cristo em um mundo tão carente de esperança. Nossa ideia inicial era pedalar até a cidade vizinha, 

"Cacimba de Areia", para aproveitar a paisagem e se exercitar. Mas Deus tinha outros planos.


Quase chegando à cidade, ficamos sem água. Um dos meninos, criado naquela região, sugeriu que parássemos na casa de uma amiga da família para nos reabastecer, assim fizemos.

 Dona Antônia, a dona da casa, nos recebeu sob a sombra de uma árvore, em pouco tempo, um cafezinho chegou às nossas mãos; conversamos sobre o dia e no meio da conversa, soubemos que sua bicicleta havia sido furtada recentemente.

Ao ouvir isso, senti no coração que não podia deixar passar a oportunidade de orar por ela,  pensei comigo mesmo: "Essa é uma chance prática de ensinar os meninos como um discípulo deve agir e se portar." Perguntei:

— Dona Antônia, posso orar pela senhora e por sua casa? Agradeço pelo café e gostaria de abençoar sua família.

Ela aceitou com um sorriso, oramos pela bicicleta, pela sua casa e pela sua hospitalidade.


 Depois disso, "levantamos acampamento" e seguimos pedalando, nossa próxima parada foi na casa da avó do mesmo jovem; era ideia dele visitá-la, pois já era quase hora do almoço, no caminho, aproveitei para perguntar:

— Vocês perceberam como é simples orar?


Alguns deles ainda têm dificuldade com a oração, acreditando que precisam usar palavras difíceis ou discursos elaborados, mas, naquele momento, seus rostos se iluminaram... Viram que a oração é um ato natural e poderoso.


Chegando à casa da Dona Severina, fomos explorar os arredores. Um dia, aquele lugar havia sido uma carvoaria movimentada, mas agora era apenas um retrato do passado. Quando voltamos à casa, fomos recebidos com pratos de sopa de feijão e o famoso cuscuz. Dona Severina, com sua simplicidade, demonstrou a típica hospitalidade sertaneja que tanto nos ensina.


Antes de começarmos a comer, pedi a um dos meninos que orasse pela refeição. Ele, com certa timidez, fez uma oração sincera e breve. Depois da refeição, entre conversas e brincadeiras, Dona Severina nos surpreendeu com um doce de bananada, sua generosidade nos marcou profundamente.


Na hora de partir, um dos meninos tomou coragem e pediu para orar por Dona Severina e sua família, mas, tomado pela timidez, recuou, e eu assumi a oração. 


Agradecemos a Deus por aquela família, pedimos que Ele abençoasse o lar e nunca deixasse faltar alimento ou a presença de Jesus.


Quando estavamos pedalando voltando para casa, percebi que algo havia mudado: O desejo de fazer o que fazemos — pregar, orar e visitar — estava nascendo no coração deles. 

Eles perguntaram: 

— Rafael, no sábado seguinte, podemos visitar as famílias com vocês?

Outro completou:

— Vamos de bicicleta até lá?


Meu coração se encheu de alegria; vi ali uma oportunidade de cultivar e aperfeiçoar esse desejo.


Aqui, no sertão, não precisamos de toda uma bagagem teológica. A simplicidade do evangelho é melhor compreendida quando vivida e compartilhada. Pregar o evangelho não é decorar palavras difíceis nem ter respostas para tudo. É amar, ouvir, orar e apontar para Jesus.


Aquele dia, com duas paradas aparentemente simples, foi um marco. O evangelho é poderoso porque é simples. Ele não depende de grandes estruturas ou discursos eloquentes, mas de corações dispostos a obedecer e agir.


E assim, com os pedais girando e os corações aprendendo, seguimos espalhando as boas novas.






Rafael Figueiredo Moutela, é casado com Juliana Figueiredo Moutela e pai de quatro filhos. Há dois anos, dedica-se integralmente à missão no sertão nordestino, servindo ao Senhor com amor e compromisso.

Formado em Teologia pela Escola Convergência, tem dedicado sua vida ao ensino bíblico e ao discipulado. Atualmente, atua na liderança e discipulado de adolescentes sertanejos há oito meses, ajudando-os a crescer na fé e a desenvolver um relacionamento profundo com Deus.

sexta-feira, 16 de maio de 2025

O Propósito de Deus para o Homem





Deus nos criou à Sua imagem e semelhança, concedendo-nos a capacidade de frutificar. Seu propósito era que o homem enchesse a terra, tornando-a um local organizado e habitável.

Dentro de cada pessoa existe um instinto natural de ter direção e propósito na vida. Isso se traduz também em uma tendência de conquistar e governar, como vemos em Gênesis 1.27.

O Princípio de Autoridade


A forma como Deus governa revela o que chamamos de princípio de autoridade. A cadeia de autoridade foi estabelecida por Ele para organizar, proteger e garantir uma administração eficaz. Sendo uma ordenação divina, deve ser respeitada e preservada.

Instruir as pessoas nesse princípio é essencial. Isso pode poupá-las de muitos sofrimentos, desordens e até castigos. O foco deve estar nas posições hierárquicas da cadeia de comando — não necessariamente nas pessoas que as ocupam. Afinal, ainda que o princípio e a posição sejam sagrados, quem ocupa o cargo pode falhar.

A Autoridade Estabelece a Ordem de Deus


A autoridade é o que mantém pessoas, valores e estruturas em ordem. Sem organização não há crescimento saudável, e sem autoridade não há organização.

Ela é a essência da liderança. É por meio dela que se aplicam as leis morais, se identifica o lugar correto de pessoas e coisas e se traçam objetivos claros para conduzir outros na direção certa. Uma boa liderança promove ordem, desenvolvimento e progresso.

A Rebeldia e o Caos


Sem uma cadeia de autoridade, o que teríamos seria um aglomerado de pessoas vivendo em desordem — exatamente o que o inimigo deseja: a anarquia.

Mesmo um governo falho ainda é melhor do que a ausência total de governo. O caos se instala quando pessoas se rebelam contra o princípio da autoridade. É importante não confundir esse princípio com o estilo de liderança de alguém. O estilo é pessoal; o princípio vem de Deus. E quem desrespeita o princípio, será corrigido por ele.

Discernindo o Princípio da Pessoa


É fundamental entender a diferença entre a pessoa da autoridade e o princípio da autoridade. Confundir isso pode levar à condenação pessoal.

Muitas pessoas, decepcionadas com figuras de autoridade, acabam se rebelando contra o princípio divino da autoridade — e, com isso, se encontram espiritualmente desajustadas, feridas e até em resistência contra Deus.

Submissão a Deus através da Autoridade


Não é raro ouvir: “Não me submeto a homens, apenas a Deus!” — mas quem diz isso, muitas vezes, se torna amargo, conflituoso e difícil de conviver.

A parábola do filho pródigo é um retrato claro: quando se infringe o princípio de autoridade, a pessoa se afasta do lugar de bênção e acaba em sequidão, escassez e até morte espiritual.



Submeter-se à autoridade é submeter-se a Deus. Entender esse princípio é caminhar em direção à ordem, à paz e ao cumprimento do propósito divino em nossas vidas.

"Toda autoridade é instituída por Deus" – Romanos 13.1




Marcos Paim,
casado há 14 anos com Tayrine Erica, 
pai do Abner(11 anos) e Anthony (2 anos).
Co-pastor Igreja Adan (Brasília/ DF). Enviado ao campo missionário com 21 anos no interior RS, residente no Distrito Federal desde 2007.
 Ministro em seminários e conferências voltado a temas sobre família.

Paracletologia: O Estudo do Consolador

  A Paracletologia é o ramo da teologia que se dedica ao estudo do Espírito Santo, a terceira pessoa da Trindade.  O termo "Paracletolo...